Desafio Março: Dia 06

Uma carta para alguém que me feriu recentemente:

Lembras-te quando nos chateamos a primeira vez? E quando depois conversamos? Eu perdoei-te, perdoei-te conhecendo o teu feitio, conhecendo todos os teus defeitos e todos os teus tiques, perdoei-te por todas as tuas pequenas particularidades que te diferenciavam dos outros mas principalmente perdoei-te porque te amava e não me arrependo de nada, porque independentemente de tudo 5 anos da minha vida foram passados contigo, e 5 anos é muito tempo… se eu cresci como cresci e me tornei na pessoa em que me tornei, em parte, posso agradecer-te por isso, porque foi graças a ti que eu me tornei numa pessoa melhor… Eu via-te como uma das melhores pessoas do mundo, uma pessoa boa, incapaz de enganar, de magoar, de trair, de desiludir, etc… e só agora me apercebi que me enganei… que essa pessoa pela qual eu me apaixonei não existia… Nos primeiros dias pensei que eu é que estava enganada, que tu eras a pessoa que eu pensava que eras, e que aquilo era tudo culpa minha, culpei-me várias vezes, culpei-me por coisas que sabia que não tinha culpa, mas que tu também não poderias ter… Naquele dia que eu vos vi, eu odiei-te, e hoje que estou a escrever isto odeio-te, e hoje que estás a ler isto eu odeio-te e vou continuar a odiar-te mas também continuo a amar-te, amo-te como no primeiro dia, amo-te como sempre amei, incondicionalmente! E vou continuar a amar-te incondicionalmente… Eu sei que parece confuso… não parece, é mesmo… é assim que eu ando… eu queria poder esquecer-te e nunca mais ter de olhar para ti, eu gostava de poder olhar para ti e não sentir nada, eu gostava que passasse rápido como toda a gente diz que vai passar, mas ninguém entende o que sinto, ninguém entende a ligação que nós temos, poucos a entendem, eu não posso simplesmente fechar-te a porta na cara e dizer para ires e nunca mais voltares… era o que mais queria, mas não posso… não posso e sei que no fundo também não é isso que quero… Sempre me disseram que basta uma mentira para por em causa todas as verdades… e é assim mesmo… eu olho para trás e fico com a sensação que foi tudo mentira, que nada foi real… e dói ver tudo o que passei contigo e não acreditar em nada, quando penso nisso sinto que fico com o chão a fugir-me debaixo dos pés, porque não consigo suportar o facto de tudo isto não ser real… eu quero que tenha sido… mas o meu querer não basta… e neste momento a dúvida de que se tudo foi mentira sobrepõem-se á certeza de que foi tudo real… As pessoas dizem-me que estou triste e que com o tempo tudo passa… mas elas não percebem que eu não estou triste, nem zangada, eu estou desiludida e magoada… a tristeza passa eventualmente com o tempo, com abstrações… agora, a mágoa e a desilusão? Não passam assim… ficam ali, a moer, e a remoer, e a magoar… e agora, eu desisto… eu desisto de tentar perceber porque, eu estou a desistir de ti e estou a desistir de nós, porque eu percebi que estás bem sem mim, percebi que já não é de mim que precisas quando estas chateado, já não é a mim que ligas quando perdes ou ganhas um jogo… eu percebi que apesar de tu continuares a ser a pessoa com quem eu quero estar e falar, eu já não sou a pessoa com quem tu queres estar e por isso não vou insistir com alguém que tornou claro que não quer estar comigo...

Apesar de tudo, podes acreditar, que nem ela, nem ninguém vai gostar de ti da maneira que eu gostei, que ninguém vai ter contigo o que eu tive, e principalmente ninguém vai estar lá pra ti como eu sempre estive, incondicionalmente!